Na segunda rodada de negociações do acordo específico com o Banco do Brasil, nesta sexta-feira (07/08) foram debatidas as cláusulas referentes ao emprego. A Comissão de Empresa dos Funcionários – CEBB reivindicou novas contratações via concurso público, frente à realidade da existência de um déficit significativo e crescente de pessoal. Segundo dados do próprio banco, desde junho de 2019 houve uma redução de 3.694 postos de trabalho e o fechamento de 344 agências e 17 postos de atendimento. Somente no 2º trimestre de 2020, em plena pandemia do novo corona vírus, foram 283 postos de trabalho fechados. Ao final de junho último, o BB contava com apenas 92.474 funcionários, número insuficiente para atender à demanda, segundo a avaliação dos representantes dos trabalhadores.
“A falta de novas contratações acarreta problemas para o quadro funcional, pois muitos colegas estão com idade acima de 60 anos e/ou são do grupo de risco, precisando serem afastados do trabalho presencial”, destaca o Dirigente da Fetrafi SC e representante na CEBB, Luiz Toniolo. “A ausência destes colegas nos locais de trabalho acarreta mais sobrecarga de trabalho aos funcionários que estão na linha de frente”, concluiu o dirigente.
O banco tem utilizado como reposição de pessoal a contratação de terceirizados ou correspondentes bancários. Para o coordenador da CEBB, João Fukunaga, “estas formas de contratações, que não sejam através de concurso público, são interposição irregular de mão de obra”.
Muitas cobranças e pequenos avanços
Os representantes do BB sinalizaram positivamente com a aceitação da manutenção de várias cláusulas, entre elas, as das mesas temáticas já existentes, como as de negociação permanente, sobre funcionários de bancos incorporados e a de teletrabalho e escritórios digitais. O BB se comprometeu em analisar estas propostas com a implementação das mesas em 90 dias após a assinatura do ACT.
Foi reivindicada, também, a criação de novas mesas, entre elas a emergencial de covid-19. Os gestores estão propondo que pessoas do grupo de risco voltem ao trabalho mediante avaliação médica e ameaçando funcionários que estão em home office, alegando que se estes não cumprirem metas voltarão para o trabalho presencial ou serão incluídos no grupo que está acumulando horas negativas a serem compensadas. Para estes casos, os representantes do BB solicitaram que a CEBB apresente as unidades onde este problema está ocorrendo. Também existe falta de EPIs, que não estão chegando em todos os locais de trabalho.
A Comissão também fez reivindicações em relação ao Performa, à GDP e à continuidade do mesmo critério de contagem do tempo para carreira de mérito, mesmo quando o trabalhador estiver em licença acidente de trabalho. Também cobrou a constituição de uma mesa específica para tratar dos funcionários com deficiência.
As próximas mesas de negociação serão sobre saúde e outra sobre igualdade e cláusulas sociais. Mas ainda sem data definida.
Ação do MPT
A representação dos funcionários também levantou a preocupação a respeito de uma ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre as carreiras técnicas do BB, como engenheiros, arquitetos, advogados e profissionais de tecnologia da informação. O banco efetua a contratação de todos os funcionários como escriturários e promove ascensão na carreira por meio de seleção interna.
A Justiça, em segunda instância, reconheceu a inconstitucionalidade deste tipo de contratação. A Comissão quis saber do interesse do banco em dar continuidade à ação. O banco disse que sim e que existe a possibilidade de recorrer da decisão na instância superior. Ressaltou que sempre foi sua opção haver uma carreira única e que atualmente não existe a possibilidade de se comprometer com a criação de carreiras específicas. Porém, não há impedimento para nomeação de acordo com as especializações de cada funcionário.
Sintrafi Floripa
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