Nesta quarta-feira (25), a Fenae promoveu em Brasília o I Seminário sobre Saúde Mental dos Trabalhadores da Caixa. O evento ocorre em momento crucial em que os índices de adoecimento mental dos trabalhadores da Caixa crescem vertiginosamente.
Em sua apresentação, a Diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, mostrou que cerca de 47% dos empregados da Caixa já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas. Mais da metade (51,7%) dos entrevistados conhece colegas que passaram por sofrimento contínuo em virtude do trabalho.
Pensando nisso, a Fenae lança o projeto de prevenção ao adoecimento mental no trabalho com coordenação da pós-doutora, psicóloga e professora da UnB, Ana Magnólia Mendes. O estudo, parte da campanha “Não Sofra Sozinho”, vai subsidiar os dirigentes da FENAE e APCEFs para proposição de políticas e práticas sindicais e institucionais de prevenção das psicopatologias do trabalho na Caixa.
O projeto também vai propor ações sindicais que tenham como alvo a prevenção de agravos à saúde, por meio da luta por melhores condições de trabalho.
“A Campanha “Não Sofra Sozinho” quer criar uma rede de proteção entre nós, trabalhadores da Caixa. Promover a solidariedade e o estímulo para que cada um possa olhar para os lados e enxergar o sofrimento dos colegas”, explica a Diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.
A professora Ana Magnólia também alertou para a necessidade de ouvir o grito silencioso dos trabalhadores que sofrem. “As pessoas não têm sido escutadas e é muito grave. Precisamos reconhecer o sofrimento no trabalho como passagem obrigatória para mobilizar as pessoas”, afirma.
SAÚDE DO TRABALHADOR, ASSÉDIO MORAL E SUICÍDIO
O processo de adoecimento pelo trabalho e as formas de assédio moral foram outros pontos abordados pelos palestrantes.
Segundo a química, ergonomista e técnica da Fundacentro aposentada, Cristiane Queiroz, alguns fatores contemporâneos contribuem para o adoecimento do trabalhador. Com a tecnologia, a jornada de trabalho não existe, o trabalhador está disponível 24 horas por dia e quem não está, é visto com maus olhos. Além disso, a diminuição de pausas e tempos mortos e consequentemente adensamento do trabalho e o desemprego torna o dia-a-dia desse trabalhador insustentável.
“Ainda parece que falar sobre saúde mental não é prioridade. Precisamos falar de adoecimento, de saúde do trabalho, usar instrumentos e exigir tecnicamente repostas da empresa”, afirma Cristiane.
O psicólogo Eduardo Pinto e Silva explicou que o assédio moral foi ao longo dos anos se institucionalizando a partir do encorajamento de um modelo de gestão fundado em maus-tratos. O assédio moral é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida. No trabalho do bancário é traduzida na política de metas, cobranças constantes por resultados, pressão, ou seja, até as pessoas saudáveis sucumbem ao longo do tempo nos ambienteis hostis.
“O suicídio é a patologia da solidão e o limite em termos de sofrimento. Historicamente os bancários são submetidos a disputas entre os colegas, individualismo levando os laços de solidariedade se afrouxarem. Na cultura da solidão é muito mias fácil sucumbir a um processo de assédio”, pontuou Marcelo Finazzi, autor do livro Patologia da solidão: o suicídio dos bancários no contexto da nova organização do trabalho.
“Se colocar na posição de escuta é fundamental, não ignore os sinais. O que tem de mais primordial na atividade sindical é servir e ajudar o próximo. Você escuta e age”, finaliza Marcelo.
Denuncie!
Se você sofrer ou presenciar alguma atitude abusiva por parte dos gestores com você ou algum colega, denuncie à Apcef e ao sindicato!
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