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Banrisul já sente sintomas de privatite, a doença do entreguismo

Grupo de Trabalho da Covid-19 do Comando Nacional dos Banrisulenses volta a cobrar respostas a demandas de prevenção não atendidas pela diretoria um dia depois de a PEC 280 ser aprovada em segundo turno e retirar plebiscito para vender o banco público dos gaúchos

A reunião da quarta-feira, 2/6, sobre Covid-19 entre representantes da diretoria do Banrisul e do Grupo de Trabalho do Comando Nacional dos Banrisulenses será o marco da constatação pelo movimento sindical de uma mudança de fase no Banrisul. Não só porque ela acontece um dia depois da aprovação da PEC 280/2019 na Assembleia Legislativa, mas também porque o Banrisul apresentou novos sintomas de uma doença velha.

Se o caráter público do banco dos gaúchos não está mais protegido pelo plebiscito, as vidas dos Banrisulenses também carecem de uma proteção mais efetiva por causa de um simples instrumento tão importante nas agências bancárias nestes tempos de terceira onda ou maré de Covid-19 que começa a assolar de novo o Rio Grande. O banco que ficou, na reunião anterior, de “providenciar”, “buscar”, “ver a resolução” da falta de máscaras decentes para os colegas usarem ficou de ver tudo isso de novo.

Até o relatório de doentes de Covid-19 que deveria enviar na segunda-feira, 31/5, chegou na manhã da reunião. E, se o atraso da entrega aos dirigentes pudesse ser o sintoma de privatite por governo entreguista, pense no seguinte: o banco não teve resposta mais decisiva sobre quando irá comprar máscaras PFF2. O envio imediato da reunião da semana anterior de orientações para os gestores, tardou sob a forma de uma IA, na terça-feira, 1º/6, um dia antes da nova conversa.

O banco não deixou marcada reunião para a próxima semana. Ficou de analisar as questões dos dirigentes, levantar dados, repassar e então avaliar um novo encontro “possivelmente” na semana que vem.

O Banrisul, embora esteja na frente de outros bancos no que tange aos cuidados sanitários para combater o novo coronavírus e preservar vidas, caminha em câmara lenta, enquanto um tsunami de Covid-19 corre atrás dele. Apurar o passo pode não ser parte da estratégia do presidente Claudio Coutinho e do governador Eduardo Leite. Parece que eles querem é mais que a imagem do banco fique por baixa para facilitar alguma venda ali na frente.

De novo, o anúncio dos representantes é de que “vão contratar”, “assinar o contrato”, com o Hospital Moinhos de Vento, na “semana que vem” para que o hospital possa orientar o tipo de máscara a ser usado. E nessa onda de “estamos preocupados”, algumas regiões do Rio Grande do Sul decretam lockdown a partir desta quinta-feira, feriado de Corpus Christi. O Banrisul anda numa Kombi anos 1970 e o coronavírus vem de Ferrari.

Em Pelotas e em Canguçu, por exemplo, cidade que já decretou lockdown, denúncias apontam para prática absurda, seguindo o negacionismos de mercado do governador Eduardo Leite. Colegas entraram em contato com dirigentes sindicais e denunciaram que estão sendo convocados para fazer serviço interno durante o lockdown em Pelotas depois do feriado, quer dizer, na próxima sexta-feira, 4/6.

Houve resistência. Um fiscal da prefeitura que passava por uma agência em Pelotas ficou sabendo das pretensões e notificou. O aviso que deu é para ficar fechada e com ninguém dentro.

Tem mais: um colega entrou em contato com o SindBancários e disse que havia sido demitido de forma imotivada. Ainda não acabou: o banco tem falhado tanto na cobrança a superintendentes sobre aplicação de protocolos que tem superintendente entrando como se estivesse num mundo sem coronavírus e mortes em agência lotada no Centro de Porto Alegre. Sem máscaras. Causa medo e ataca a imagem do Banrisul.

Junte todos esses sintomas e temos uma doença que agora se manifesta, mas que há mais de 30 anos carcome o Banrisul: privatite por governo entreguista. O desmonte do Banrisul está preparando para a sua venda, mesmo que o governador Eduardo Leite diga que não vai vendê-lo depois de acabar com o plebiscito de forma truculenta, violenta e cheia de mortes.

Sim, o Banrisul é um laboratório daquilo que Leite fez: entregou o sistema de bandeiras, o Distanciamento Controlado, para aprovar a PEC em primeiro turno em 27 de abril. Quer dizer, entregou 4 mil vidas desde os finais de abril, data da fatídica votação da vergonha, e ameaça as vidas dos Banrisulenses que estão na luta presencial em agências coem alerta novo sistema 3As e em lockdown.

E superintendes pressionam gestores em agência para ignorarem os decretos municipais, protelar aplicação de soluções que impedem o banco de sequer abrir as portas de agências quanto mais convocarem para o trabalho interno em ambiente fechado e talhado para a morte.

A diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul, Denise Falkenberg Corrêa, chegou a comparar o Banco do Brasil com o Banrisul quando o assunto é compra de máscaras e negacionismo. “O Banco do Brasil tem a gestão na mão do pior negacionista do mundo, o presidente Jair Bolsonaro. O governador Leite está se saindo um negacionista igual. Sem nenhuma diferença com o Bolsonaro”, sublinhou Denise.

Para o diretor da Fetrafi-RS, Sergio Hoff, também funcionário do Banrisul, o Banrisul teria como resolver facilmente a questão das máscaras, mas enrola num momento perigosíssimo. “Vai ter resposta prática? Já queríamos saber na semana retrasada. Vocês estão relegando responsabilidade e se escondendo atrás do debate da Fenaban, em vez de fazer como vinham praticando e tomar a iniciativa nas políticas de combate à pandemia”, pontuou Sergio.

O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, trouxe uma questão subjetiva, um caso, e questionou se pode virar uma regularidade. Tal questão pode ser decisiva para o debate capaz de demarcar a mudança de rumo do Banrisul no caminho da privatização.

“A novidade que estamos identificando e gostaríamos de saber se vai ser um novo modus operandi do banco: demissões imotivadas. Recebemos a informação de que um empregado do Banrisul foi demitido por motivo algum. Digo que tem tudo a ver com a pandemia porque se trata de um empregado que contraiu a Covid no banco. Está com sequelas. Metade do quadro dessa agência teve Covid-19, e o banco não emitiu CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) para ninguém”, denunciou Luciano.

“Não dá pra ser tchtchuco com superintendente e tigrão com quem está no atendimento direto”

Para o diretor da Fetrafi-RS também funcionário do Banrisul, Fábio Alves, não resta mais dúvida de que o comportamento do banco mudou. Parece ao dos anos 1980 quando os times que ganhavam dos grandes e perdiam para os pequenos eram chamados de Ameriquinha, time tradicional do Rio de Janeiro.

Outra questão levantada pelo dirigente diz respeito ao tratamento que o banco costuma dar de acordo com o cargo do colega. Quanto mais chefe, mais bem tratado. “Nesse caso do superintendente que entra em agência sem máscara. Quer dizer, demite um colega que já ficou doente de Covid-19 e não faz nada com um superintendente que entra em agência do centro de Porto Alegre sem máscara. Não dá pra ser tchtchuco com superintendente e tigrão com quem está no atendimento direto. O banco parece o Guedes (ministro da Economia Paulo Guedes): tchutchuco com os banqueiros e tigrão com os bancários”, comparou Fábio.

Quanto aos debates e ao caso do Banrisul, Fabio, chamou a atenção para a particularidade do Banrisul em relação a Fenaban. “Criamos um case em relação ao Banrisul. Ele é único e tem peculiaridades. Chegamos a elogiar o presidente que não vem para cá há dois anos. Tem coisas que nunca utilizamos”, questionou Fábio.

“Não é por acaso que tem uma CPI”

A diretora da Fetrafi-RS, Ana Maria Betim Furquim, contou que as visitas de dirigentes sindicais às agências do Banrisul pelo estado se intensificaram durante a pandemia também por causa da PEC 280. Ela reconheceu o esforço dos colegas que representam o banco na mesa de negociação, mas fez um alerta.

“Não é por acaso que tem uma CPI em nível nacional pelo cuidado da prevenção. Quem não fez, está sendo acionado. Reconhecemos os avanços que a mesa de negociação conquistou.”, ponderou Ana Betim.

Ana Betim também alertou para o fato de que, apesar de todos os cuidados do Banrisul, o número de colegas doentes por Covid-19 foi muito alto. “Temos um número de Covid-19 alto. Felizmente tivemos poucas mortes. Evitamos que morressem colegas do Banrisul em número maior com nossos esforços aqui para implementar o cuidado. Por que no Banrisul tivemos muita Covid-19 mesmo com todos esses cuidados?”, questionou a dirigente.

O que os dirigentes voltaram a reivindicar

> Maior agilidade para implementar de decisões de áreas em estado de alerta, como lockdown em Pelotas e Canguçu, anunciados para a sexta-feira, 4/6.

> Máscaras certificadas (PFF2) imediatamente para proteger colegas de nova onda de Covid-19, anunciada com risco aumentado de contaminação por cepa de coronavírus letal da Índia.

> Manter restrição de bandeira preta para área em atenção pelo governo.

> Protocolos e orientações para os gestores que estão prestes a entrar em uma situação mais restritiva.

> Relatórios de todos os infectados(as). Enviado na quinta-feira, 1º/6, pela manhã.

> Denúncia de não uso de máscaras por funcionários de alguns setores do banco que estão em trabalho presencial e de subsidiárias.

> Superintendente que entra em agência do centro de Porto Alegre sem máscaras, levando pânico a colegas e clientes.

> Diretores entregaram um vídeo de agência de Bairro de Porto Alegre que mostra a precariedade da organização das filas em dia de muita gente em busca de atendimento.

> Denúncia de agências em Pelotas, em lockdown, em que o gestor o chama para trabalhar mesmo com a agência fechada, para expediente interno. Há ameaças de que quem não comparecer irá perder um ABA.

> Demissão imotivada de colega com sequelas da Covid-19 adquirida na agência em que trabalha vai virar modus operandi?

> Não emissão de CAT após adoecimento de colegas por Covid-19.

O que o banco disse

> O banco está em processo de adaptação aos novos parâmetros do sistema 3As do governo do Estado. A orientação para os gestores é que fiquem alertas e tomem providências de preparação para tomar medidas de atendimento mais restritivas.

> Houve uma mudança na questão legal. É um processo novo. Tem um período de transição. Algumas situações es serão híbridas no começo. Há um novo momento que é a proposta de gestão da Covid-19 pelo governo do Estado.

> Algumas ações foram tomadas. No dia 1º/6, o banco publicou comunicado específico para cada gestor de agências. Para ficar atento ao novo modelo de alerta e ação na sua região e município. Ele deve cumprir de pronto o decreto municipal na condição estabelecida. Principalmente desde que o critério usado pelo município seja mais restritivo que o do Estado. Se um município definir que é uma pessoa por 2 metros quadrados não vamos atender porque é menos restritivo que o nosso.

> Acompanhamos os decretos municipais e avisamos os gestores que devem cumprir integralmente todas as decisões dos decretos por IA do dia 1º/6.

> Empregados que não usam máscaras, questão de distanciamento nos ambientes internos do banco, o banco tem orientado periodicamente “todos os gestores”.

> Contratação do Hospital Moinhos de Vento para orientar sobre o novo momento da nova gestão sobre novas cepas de Covid -19. Semana que vem assinam contrato com o Moinhos de Vento.

> Em relação às máscaras, o procedimento é o que foi adotado pela Fenaban. Há um protocolo inicial que está sendo padronizado para todas as instituições. O banco não se exime desse debate. Deliberação é iniciar a análise com o Moinhos de Vento.

> Sobre bandeira preta: resposta está dada. O critério mais restritivo vai ser cumprido.

> Leiaute: A área das agências para definir o número de clientes a serem atendidos dentro da agência teve seu levantamento finalizado. Ainda não há definição sobre esse assunto. A tendência é que o banco reduza a capacidade de atendimento. O teto é de 75% dos trabalhadores vinculados ao banco em atendimento presencial.

> O banco vai apurar as denúncias de convocação para o trabalho durante lockdown. Não pode. Os colegas têm que ficar em casa. Não há necessidade de atendimento presencial em lockdown.

Os dirigentes Ana Maria Silva (SEEB Lajeado) e Gerson Kunrath (SEEB Vale do Caí) também participaram da reunião.

Os representantes do banco na reunião foram: Gaspar Saikoski, Marco Aurélio Oliveira, Raí Melo, Paulo Henrique Pinto da Silva, Douglas Bernhard, Humberto Schwertner.

Fonte: Imprensa SindBancários

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